terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Correr é a parte mais fácil

Quando o corredor atravessa a linha de chegada, a sensação é de dever cumprido

Por: Laura Dantas

(Quadro de medalhas /Laura Dantas)

Domingo, cinco da manhã, em meio a pessoas voltando de festas, a cidade ainda dorme, mas alguém já levantou mais cedo com um propósito especial, liberar endorfina. Horário da largada está chegando, corre senão perde a hora. Número do peito colocado, fone de ouvido conectado, música pronta, já pode ligar o GPS. Correr é parte mais fácil.

Sinal dado e quando você olha um quilômetro já foi, só falta todo o resto. Quilômetro dois, já se hidratou? Calma porque a pior parte ainda vem aí. Quilômetro três e já da para ouvir os gritos de quem ultrapassou a chegada, como eles podem correr tão rápido? Quarto quilômetro se aproxima, só falta um, graças a Deus!

Mais a frente à chegada aparece, só faltam 500 metros, todo o corpo começa a doer, tem que ser um pouco maluco para começar a correr. Nos 200 metros a respiração fica mais difícil e os batimentos cardíacos mais acelerados. É nessa hora que todo mundo tenta ir mais rápido do que as próprias pernas aguentam.

Quando o corredor atravessa a linha de chegada, a sensação é de dever cumprido, é uma realização pessoal de ter se desafiado e vencido. Ganhar medalha, tirar fotos, conhecer novos lugares, nada disso tem tanto valor quanto saber que todos os seus limites foram testados, calor, sede, dor e saber que domingo que vem, você vai sair às cinco horas para correr de novo.